Pelo titulo todos devem ter notado que esse vai ser um poste bem diferente do que costumo postar acho interessante como varias coisas são usadas com células-tronco então espero que aproveitem o post o/ para quem não gosta de textos enormes nem leia \o
Introdução:
Nos últimos anos o assunto “células-tronco” tem
sido muito debatido, e é objeto freqüentemente exposto na mídia. Como a
maioria das grandes novidades, esta área está sendo superestimada se
for considerada a realidade atual, entretanto não há dúvidas de que as
suas potencialidades são enormes, e pode-se esperar um novo tipo de
Medicina a partir da evolução dessas pesquisas. Na verdade, o que se tem
hoje é uma série de perspectivas e os resultados obtidos nas
experiências em animais de pequeno porte não podem, ainda, ser
extrapolados para a espécie humana. Experiências clínicas têm,
entretanto, mostrado resultados alentadores.
Os diferentes tecidos são formados por células
com características diversas. Por exemplo: o tecido muscular está
constituído por células especializadas em contração, os miócitos. O
tecido ósseo está constituído por osteoblastos, o tecido nervoso por
neurônios, e assim por diante.
Quando uma das primeiras células do embrião
sofre uma mitose e se divide, as duas células resultantes têm a mesma
constituição genética e as mesmas características. A embriogênese
progride com a contínua multiplicação das células, aumentando o número
das mesmas e o tamanho do embrião. O interessante é que dentro da célula
mais primitiva, o zigoto, existe informação suficiente para que, na
medida em que essas células forem se dividindo, aos poucos ocorra uma
diferenciação, originando diferentes linhagens que formarão diferentes
tecidos como: muscular, ósseo, nervoso, etc.
No interior do núcleo desta célula primitiva
existe uma bagagem gênica completa, com capacidade de transmitir as
informações necessárias para toda a vida do futuro ser que esta célula
originará. Em um determinado momento, nesta contínua série de divisões
mitóticas, inicia um processo denominado diferenciação celular. Este
processo é de extrema importância pois permitirá que novas linhagens
celulares passem a existir e já iniciem a estruturação de um complexo
organismo. Este fenômeno de diferenciação celular permite, em última
análise, que a célula resultante da divisão seja diferente da
antecessora.
Durante muito tempo, os biólogos ensinavam a
mitose como sendo a divisão de uma célula em duas exatamente iguais. Há
relativamente pouco tempo, com os novos entendimentos propiciados pela
moderna biologia celular, foi sendo definido um novo tipo de mitose. A
mitose assimétrica. O conhecimento desta mitose assimétrica permitiu a
ideação de um tipo de célula com características especiais. Esta célula
ao se dividir origina uma célula que se diferencia e outra que mantém as
mesmas características da original. Desta maneira, ela pode se
diferenciar em outra, ao mesmo tempo em que pode manter suas
características primordiais. Esta manutenção de características permite,
no organismo adulto, que haja um grupo de células que ainda mantêm
características ancestrais, ou precursoras, ou tronco. Por essa razão
são denominadas células-tronco.
Este fato, que constantemente está ocorrendo em
nosso organismo, possibilita um processo reparatório fantástico,
fazendo-nos prever sua utilização em oportunidades diversas. Este
fenômeno da diferenciação, ou não, das células no processo divisório,
acrescido da existência, no adulto, de células precursoras, permite uma
multiplicidade de situações que necessita avaliação detalhada, objeto
desta revisão inicial.
Existem na atualidade discussões éticas de
grandes proporções que necessitam ser abordadas ao se estudar as
células-tronco. Serão avaliadas pormenorizadamente no decorrer desta
análise.
FUNDAMENTOS TEÓRICOS
Após a fecundação, a célula formada é
denominada zigoto. O zigoto é uma célula totipotencial, ou seja, tem a
capacidade de originar todo o indivíduo, com a sua complexa estruturação
diferenciada.
Depois das primeiras divisões celulares, as
células resultantes são também totipotenciais. Se estas células se
separarem, a continuidade de desenvolvimento de cada uma
independentemente dará origem a gêmeos idênticos ou univitelinos,
provando sua totipotencialidade.
No decorrer da embriogênese, na medida em que
ocorrem sucessivas mitoses vai se formando um conjunto celular
denominado blastocisto. O grupamento celular central deste conglomerado
apresenta células com capacidade de gerar qualquer outra célula, e por
isto são consideradas pluripotenciais.
A diferença essencial entre uma célula
totipotencial e outra pluripotencial é o fato de que a primeira
(totipotencial) poderia até originar um novo indivíduo, enquanto que a
segunda (pluripotencial) não teria essa capacidade. Ambas, têm a
capacidade de gerar qualquer outra célula.
Tanto as células totipotenciais como as
pluripotenciais são células-tronco. Durante o desenvolvimento
embrionário elas serão as células-tronco embrionárias. Por outro lado,
no indivíduo adulto, as células que mantêm as características
pluripotenciais são as células-tronco adultas.
Na atualidade, a identificação, a separação, o
isolamento e a cultura das células-tronco já é uma realidade. Este fato
permite que se possa inferir seu aproveitamento terapêutico.
Existem vários questionamentos quanto às
células-tronco. Onde estariam “guardadas” no organismo adulto? Quando
entrariam em funcionamento (divisão)? Que agentes poderiam ser indutores
desse processo divisional? A potencialidade dessas células poderia ser
aproveitada em um processo reconstrutivo?
Com finalidade meramente didática e
especulativa imagine-se, por exemplo a revolução em termos médicos que
os seguintes feitos poderiam desencadear: células-tronco ou células
isoladas seriam implantadas em determinada área e estimuladas a iniciar
sua multiplicação, reconstruindo um órgão perdido. Desta maneira, um
braço, ou uma perna ou um fígado ou mesmo um coração, (pelo menos
teoricamente) poderiam ser construídos. É indispensável, entretanto, a
percepção de que a realidade atual é completamente diversa. Acredita-se
que um longo período ainda será necessário para a concretização desses
sonhos. O controle do estímulo à divisão e diferenciação dessas células
ainda está longe de ser uma rotina nos laboratórios.
Quanto à utilização de células-tronco adultas, ou embrionárias, várias
discussões éticas poderiam ser estabelecidas.
O uso de células-tronco adultas seria definido
como a retirada de um grupo de células-tronco de determinada região do
organismo de um paciente e seu aproveitamento no próprio individuo. A
medula óssea do individuo adulto é uma zona extremamente rica nessas
células e, por isso, freqüentemente usada como fonte de células-tronco
transplantadas para o mesmo indivíduo.
Quanto ao uso de células-tronco embrionárias,
várias discussões podem entrar em cogitação. Nesta situação, a retirada
das células é realizada em embriões com poucos dias de desenvolvimento.
Esta retirada é feita na maioria das vezes com o sacrifício do embrião, o
que estabelece um dilema ético. Grandes discussões têm sido realizadas
sobre este dilema. Grupos religiosos, de especialistas em ética e de
cientistas estão há bastante tempo discutindo de maneira mais ou menos
veemente este problema. O sacrifício do embrião doador destas células
totipotenciais, ou mesmo pluripotenciais, cria uma situação extremamente
delicada e de difícil consenso.
Por estas razões apontadas, esta revisão do
possível aproveitamento dessas células, a partir desse momento passa a
ser exclusivamente direcionada ao estudo das células-tronco adultas.
Como foi afirmado anteriormente, as células-tronco adultas estão
distribuídas em várias regiões do organismo, e mantêm sua potencialidade
reprodutiva.
Reiterando essa afirmativa: como estas células
mantêm esta capacidade durante toda a vida do individuo, a qualquer
momento poderiam tornar-se utilizáveis em relação à necessidade de seu
aproveitamento em um determinado processo regenerativo.
Na medula dos ossos longos existe um nicho de células-tronco com
constância e em quantidade suficiente para aproveitamento. Por outro
lado, a retirada destas células pode ser realizada com relativa
facilidade por uma punção de osso ilíaco. Em laboratório estas células
podem ser separadas por centrifugação, e pipetagem.
Uma vez separadas, estas células
pluripotenciais são injetadas de novo no organismo. Por sua
pluripotencialidade elas têm a capacidade de migrar pela corrente
circulatória, e aderir em zonas onde haja a necessidade de reparação.
Inicia-se então um processo regenerativo cuja magnitude está sendo
clareada no momento atual.
Quanto a sua classificação, podem ser:
-
Totipotentes, aquelas células que são
capazes de diferenciarem-se em todos os 216 tecidos
que formam o corpo humano, incluindo a placenta e
anexos embrionários. As células totipotentes
são encontradas nos embriões nas primeiras
fases de divisão, isto é, quando o embrião
tem até 16 - 32 células, que corresponde
a 3 ou 4 dias de vida;
-
Pluripotentes ou multipotentes, aquelas células
capazes de diferenciar-se em quase todos os tecidos
humanos, excluindo a placenta e anexos embrionários,
ou seja, a partir de 32 - 64 células, aproximadamente
a partir do 5º dia de vida, fase considerada
de blastocisto. As células internas do blastocisto
são pluripotentes enquanto as células
da membrana externa destinam-se a produção
da placenta e as membranas embrionárias;
-
Oligotentes, aquelas células que se diferenciam
em poucos tecidos;
-
Unipotentes, aquelas células que se diferenciam
em um único tecido.
Constitui
um mistério para os cientistas a ordem ou comando
que determina no embrião humano que uma célula-tronco
pluripotente se diferencie em determinado tecido específico,
como fígado, osso, sangue etc. Porém
em laboratório, existem substâncias ou
fatores de diferenciação que quando
são colocadas em culturas de células-tronco
in vitro, determinam que elas se diferenciem no tecido
esperado. Um estudo está sendo desenvolvido
pela USP para averiguar o resultado do contato de
uma célula-tronco com um tecido diferenciado,
cujo objetivo é observar se a célula-tronco
irá transformar-se no mesmo tecido com que
está tendo contato. As células-tronco
da pesquisa foram retiradas de cordão umbilical.
Quanto a sua natureza, podem ser:
Adultas,
extraídas dos diversos tecidos humanos, tais
como, medula óssea, sangue, fígado,
cordão umbilical, placenta etc. (estas duas
últimas são consideradas células
adultas, haja vista a sua limitação
de diferenciação). Nos tecidos adultos
também são encontradas células-tronco,
como medula óssea, sistema nervoso e epitélio.
Entretanto, estudos demonstram que a sua capacidade
de diferenciação seja limitada e que
a maioria dos tecidos humanos não podem ser
obtidas a partir delas.
Embrionárias,
só podem ser encontradas nos embriões
humanos e são classificadas como totipotentes
ou pluripotentes, dado seu alto poder de diferenciação.
Estes embriões descartados (inviáveis
para a implantação) podem ser encontrados
nas clínicas de reprodução assistida
ou podem ser produzidos através da clonagem
para fins terapêuticos.
Podem ser obtidas:
-
Por Clonagem Terapêutica é a técnica
de manipulação genética que fabrica
embriões a partir da transferência do
núcleo da célula já diferenciada,
de um adulto ou de um embrião, para um óvulo
sem núcleo. A partir da fusão inicia-se
o processo de divisão celular, na primeira
fase 16-32 são consideradas células
totipotentes. Na segunda fase 32-64 serão células
pluripotentes, blastocisto que serão retiradas
as células-tronco para diferenciação,
in vitro, dos tecidos que se pretende produzir. Nesta
fase ainda não existe nenhuma diferenciação
dos tecidos ou órgãos que formam o corpo
humano e por isso podem ser induzidas para a terapia
celular.
-
Do Corpo Humano as células-tronco adultas
são fabricadas em alguns tecidos do corpo,
como a medula óssea, sistema nervoso e epitélio,
mas possuem limitação quanto a diferenciação
em tecidos do corpo humano.
-
De Embriões Descartados (inviáveis
para implantação) e Congelados
nas clínicas de reprodução assistida
Podem ser utilizadas:
Terapia Celular: tratamento de doenças ou lesões com células-tronco manipuladas em laboratório.
O que é Clonagem Reprodutiva?
É
a técnica pela qual se forma uma cópia
de um indivíduo. O procedimento basea-se na
transferência do núcleo de uma célula
diferenciada, adulta ou embrionária, para um
óvulo sem núcleo com a implantação
do embrião no útero humano. Gêmeos
univitelinos são clones naturais.
Principal diferença das técnicas de Clonagem Terapêutica e Reprodutiva
Principal diferença das técnicas de Clonagem Terapêutica e Reprodutiva
Nas
duas situações há transferência
de um núcleo de uma célula diferenciada
para um óvulo sem núcleo. Mas na técnica
de clonagem para fins terapêuticos as células
são multiplicadas em laboratório para
formar tecidos específicos e nunca são
implantados em um útero.
Vantagens e limitações da Clonagem Terapêutica para a obtenção de células-tronco
Vantagens e limitações da Clonagem Terapêutica para a obtenção de células-tronco
A
principal vantagem dessa técnica é a
fabricação de células pluripotentes,
potencialmente capazes de produzir qualquer tecido
em laboratório, o que poderá permitir
o tratamento de doenças cardíacas, doença
de Alzheimer, Parkinson, câncer, além
da reconstituição de medula óssea,
de tecidos queimados ou tecidos destruídos
etc, sem o risco da rejeição, caso o
doador seja o próprio beneficiado com a técnica.
Mas a principal limitação é que
no caso de doenças genéticas, o doador
não pode ser a própria pessoa porque
todas as suas células têm o mesmo defeito
genético.
A
clonagem para fins terapêuticos não pode
reproduzir seres humanos, porque nunca haverá
implantação no útero. As células
são multiplicadas em laboratório até
a fase de blastocisto, 32-64 células, sendo
a partir desse estágio manipuladas para formação
de determinados tecidos. Além disso, nessa
fase o pré-embrião é constituído
por um aglomerado de células que ainda não
tem sistema nervoso.
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