Só peço que nunca mencione a
ninguém, a existência deste lugar – disse o demônio antes de se afastar,
levando o cavalo.
O samurai que ficou rico
resolveu abandonar sua função no castelo, e estabeleceu-se numa aldeia próxima,
onde adquiriu uma bela casa. Passava o dia inteiro sem fazer nada e bebendo
saquê nas tavernas. Não tardou muito para que o dinheiro ganhado do demônio
fosse totalmente gasto. Assim, tornou-se um pobre beberrão.
Como não tinha mais dinheiro, o
taverneiro negou-se a vender-lhe saquê, alegando que ele não tinha como pagar.
Então, o ex-samurai, que já tinha bebido bons goles a custa dos aldeões, disse
orgulhoso:
– Sou amigo do Oni, posso
conseguir muito dinheiro quando quiser!
Os homens que estavam bebendo na
taverna riram da declaração de Hirokazuemon. Inconformado, ele reagiu,
quebrando a promessa que havia feito ao demônio.
– Vocês estão duvidando? Pois digo
que a morada dos demônios é abaixo da Rocha Misteriosa. Eles me dão quanto
dinheiro eu necessitar, só preciso que me arranjem um cavalo.
Os aldeões riram bastante quando
Sasaya Hirokazuemon contou toda história. Porém, como estavam todos eufóricos,
resolveram levar avante a brincadeira. Trouxeram um cavalo e exigiram que o
homem provasse o que estava dizendo.
Quando chegaram junto à Rocha
Misteriosa, procuraram exaustivamente pelo furo, mas nada encontraram. De
repente, Hirokazuemon experimentou um sentimento estranho – como se alguém
estivesse rindo dele de modo horripilante. Os aldeões tiveram a mesma sensação
e, arrepiados de medo, saíram correndo do local.
Hirokazuemon sentiu-se arrastado
por um redemoinho profundo e multicolorido. Quando retomou os sentidos, estava
ajoelhado diante do demônio. Ao levantar os olhos, descobriu que estava diante
de um tribunal sendo julgado. Era a corte de Emma-o, o Rei do Inferno, que,
naquele momento, ditou a sentença:
– Este homem gastou inutilmente
todo dinheiro que lhe demos. Não praticou nenhuma boa ação e não deu um centavo
sequer aos necessitados. Por isso, está condenado ao trabalho forçado
eternamente em nossa lavoura.
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